Header Ads Widget

Dois meses após caso de racismo contra Luighi, do Palmeiras, nada estrutural saiu do papel


Recent in Sports
Elora Dana celebra vaga para a semi da PFL
Do zero ao domínio: últimos GPs em Miami ilustram reviravolta da McLaren
O Santos tem um início decepcionante no Campeonato Brasileiro
Jeh explica sacrifício no dérbi antes de lesão e quer volta gradual na Ponte
Heptacampeão, Hamilton deu fora em engenheiro e questionou as ordens de equipe durante o GP de Miami

Há dois meses, o desabafo do atacante Luighi, do Palmeiras, mobilizou o Brasil, desde autoridades políticas a desportivas. Pelo racismo sofrido na Libertadores Sub-20, o clube alviverde, outras dezenas de equipes e a CBF intensificaram as cobranças à Conmebol por punições mais duras para casos de discriminação.

Multas foram aplicadas e um grupo de trabalho criado para desenvolver ações contra o racismo no continente, com Ronaldo e Fatma Samoura, ex-secretária-geral da Fifa, convidados a chefiá-lo. Na prática, porém, nada estrutural saiu do papel até aqui.

Cerro Porteño e Palmeiras, protagonistas no episódio da base, voltam a se enfrentar às 21h30 desta quarta-feira, pela quarta rodada da Libertadores, agora profissional, no Estádio Nueva Olla, em Assunção, no Paraguai.

A Conmebol desde então investe em simbolismos, como a exibição da mensagem "Basta de racismo, discriminação e violência", que roda na transmissão segundos antes do apito inicial das partidas na competição. Uma variação da frase utilizada no ano passado: "basta de racismo".

Procurada pela reportagem, a Conmebol, através de um de seus assessores, diz que a instituição não é uma entidade antirracismo propriamente, mas que tem ações preventivas.

Há um mês, portanto, montou uma força tarefa, formada por ex-atletas, representantes das associações e dos governos, para discutir ações e mudanças em prol do combate ao racismo no futebol sul-americano. Uma nova reunião está prevista para os próximos dias.

Em termos de punição, o atual regulamento prevê multas, portões fechados e a obrigatoriedade de postar uma mensagem de conscientização, como aconteceu com o Cerro Porteño, além de suspensão quando com atletas ou oficiais.

O valor da multa, desde 2022, subiu para 100 mil dólares e até 400 mil dólares em caso de reincidência. O valor pode ser reduzido caso o clube auxilie no processo de investigação. Há pouca clareza, contudo, sobre o que é de fato feito com o dinheiro.

A multa é paga diretamente na conta da Conmebol, outras podem ser descontadas da premiação dos clubes, e segundo a entidade o dinheiro é direcionado ao projeto SUMA, uma iniciativa para desenvolvimento de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.

O SUMA tem como propósito oferecer suporte educacional, médico, psicológico, além de incentivar a prática esportiva, e desde abril de 2024 anunciou uma nova etapa: a construção de um centro comunitário em Luque, cidade-sede da Conmebol, no Paraguai.

O SUMA, porém, é gerenciado pela própria Conmebol e, apesar de ser financiado por multas que derivam de casos de discriminação (e pelo projeto da Fifa, World Football Remission Fund, que compensa perdas por esquemas de corrupção), não detalha realizar qualquer tipo de ação de combate ao racismo através dela.

O Palmeiras, após o caso de Luighi, em que mobilizou clubes e a Fifa, a quem enviou uma carta pedindo que determinasse à Conmebol a aplicação de punições mais duras no caso, fez campanhas de conscientização nos jogos contra Botafogo e Bahia, pelo Brasileiro.

Nos bastidores, por causa do episódio, o clube realizou também uma dinâmica de grupo ligada ao combate ao racismo com as equipes Sub-10, Sub-11 e Sub-12.

O Palmeiras, no início de abril, identificou e excluiu um torcedor do quadro de sócios depois dele ser flagrado fazendo gestos racistas em direção à torcida do Cerro, quando os times se enfrentaram no Allianz Parque.

Houve a instauração de um procedimento disciplinar, e o caso vinha em andamento até que na terça-feira a Conmebol determinou a multa de 50 mil dólares ao Palmeiras. A decisão cabe recurso, mas o Verdão acatou a punição e acionará a justiça para que o torcedor seja obrigado a ressarcir o clube.

O Cerro Porteño, por sua vez, cumpriu com as punições determinadas pela Conmebol no caso de Luighi. Não há notícia de que os torcedores específicos tenham sido sancionados. A reportagem procurou o clube para buscar atualizações sobre novas ações e não obteve retorno até esta publicação.

O combate ao racismo no futebol tem desafiado entidades como Fifa, Conmebol e CBF. A entidade máxima até determinou um protocolo para denúncia dos casos, que não vinha sendo cumprido, e lançou para 2025 o gesto universal a ser feito em caso de agressão.

Falta a determinação de medidas que possibilitem a identificação dos agressores. Ainda não há, por exemplo, uma padronização sobre uso de câmeras para captar imagens que permitam a identificação dos agressores, faltam maiores detalhamentos de punições específicas a cada infrator e também uma mobilização mais abrangente para envolver clubes em ações efetivas contra a discriminação.

Postar um comentário

0 Comentários