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Ex-Guarani vive fase artilheira no Japão, conta "perrengues" e cita efeito Neymar


O jovem de 26 anos, que deixou de lado seus passeios na Lagoa do Taquaral para viver a experiência dos rios que cortam quase toda a cidade de Tokushima, já demonstra sinais de adaptação ao Japão.

A transferência para seu novo clube, após deixar o Guarani em dezembro, foi marcada por "expectativas" e "desafios". Entretanto, em campo, João Victor se destacou no Vortis, sua nova equipe, anotando gols em suas duas primeiras partidas na J-League 2.

- Sou imensamente grato a Deus por tudo que estou vivenciando aqui. Em meus melhores sonhos eu nunca imaginei algo assim. Estreia com gol e, em seguida, fazendo o gol da vitória na segunda partida. Não consigo encontrar palavras para expressar a minha felicidade e gratidão - comentou o atacante.

João Victor se despediu do Guarani após disputar 73 jogos, onde marcou sete gols e ofereceu seis assistências. Uma lesão na reta final da Série B o motivou a buscar um novo recomeço após o rebaixamento do clube para a terceira divisão.

A chance apareceu no Tokushima Vortis, onde assinou um contrato de empréstimo por uma temporada, com a opção de compra ao final.

- Após o Brasileiro, minha esposa e eu começamos a orar pedindo orientação a Deus. Fiquei muito contente quando surgiu o convite do Japão, pois sempre quis ter novas experiências.

- Sofri uma lesão no tornozelo esquerdo em um jogo contra o Goiás, o que me fez perder partidas importantes no final da Série B. Desejava estar em campo para apoiar meus companheiros e fiquei bastante decepcionado com o rebaixamento. Foi uma fase complicada para nossa família, pois temos um grande carinho pelo clube, especialmente sendo de Campinas. Tenho certeza de que eles vão montar um time forte para retornar à Série C, assim como fizeram no Paulista.

Saudade da família e o "desafio" na comunicação

A chegada ao Japão trouxe desafios para João Victor. O atacante partiu para um novo continente sem a companhia de sua esposa Franciele e do pequeno Lucca, mas eles se reuniram após 20 dias de sua chegada ao país.


- Eu cuidei da parte burocrática em Campinas, enquanto ele enfrentava a parte mais difícil, que é chegar a um novo país sem conhecer ninguém. Esse período foi complicado e gerou um certo nível de ansiedade. Havíamos muitas coisas para resolver, mas conseguimos chegar antes do início da temporada - explica a esposa.

Com a "família completa", João Victor revelou que agora pode focar na adaptação ao estilo de jogo no Japão, mas admite que a barreira da comunicação é um fator a ser considerado durante essa fase inicial.

O clube oferece intérpretes para auxiliar jogadores e suas famílias, mas a interação com os atletas é um pouco mais complicada. Eles utilizam algumas expressões que me confundem durante as partidas, mas aos poucos estamos nos acostumando. O uso do inglês é bastante útil para me ajudar a indicar a direção, seja à direita ou à esquerda. Além disso, eles frequentemente usam a palavra “jump” quando é hora de saltar.

Estamos em um grupo de cinco brasileiros e um nigeriano. Os tradutores possuem pais brasileiros, o que facilita a compreensão do português. A convivência com os colegas aqui tem sido ótima; fizemos amizades e nos apoiamos mutuamente. Por exemplo, o Thonny Anderson, que recentemente passou pelo Ituano. Já nos conhecíamos de jogos anteriores, e agora estamos jogando juntos.

Os desafios de comunicação não se limitam apenas ao campo. A família de João Victor teve que usar um "jeitinho brasileiro" para não ficar presa em um dos shoppings da cidade na semana passada.

- Sempre pedimos a ajuda dos tradutores quando saímos, mas desta vez estávamos sozinhos para celebrar o aniversário do João. Nosso intérprete havia combinado um ponto de encontro com um taxista, além dos horários. Aproveitamos para conhecer algumas lojas e decidimos voltar ao local combinado um pouco mais cedo. Lembramos que precisávamos comprar algumas coisas no supermercado, mas, de repente, as portas começaram a se fechar rapidamente, e a ansiedade tomou conta de nós. O João teve que ligar para um tradutor, que conversou com um funcionário para nos ajudar a evitar passar a noite trancados (risos) – conta Fran.

Busca por uma temporada goleadora e o impacto de Neymar

A mudança para o Japão representou um desafio para João Victor, não apenas pela distância do Brasil ou pela barreira linguística. O camisa 19 está se adaptando a um novo posicionamento, mais próximo do gol, em comparação ao tempo que se destacou no Guarani e no Ituano.

- O estilo de futebol aqui é muito físico e estratégico. Os jogadores japoneses estão sempre em movimento e demonstram grande intensidade. Eles questionam como é o futebol no Brasil, e eu explico que a diferença está nessa intensidade. Meu posicionamento alterou, pois o treinador me pediu para atuar mais centralizado e perto do gol, enquanto no Guarani eu jogava mais aberto. Estou aprendendo, treinando e me ajustando. Eles oferecem suporte com vídeos e treinos focados nessa parte tática também.

- Nunca fui um goleador nato que marca 10 ou 15 gols por temporada. Sempre busquei fazer o máximo de gols e assistências, mas aqueles que são artilheiros parecem ter nascido com esse talento. Estou focado em melhorar meus números.

O novo posicionamento trouxe resultados positivos e reconhecimento tanto da torcida do Tokushima quanto da torcida adversária – algo que surpreendeu o atacante brasileiro em seus primeiros jogos pelo clube.

A torcida neste lugar é bastante distinta. Nós vencemos por 2 a 0, estávamos nos deslocando para o ônibus e a torcida do time rival estava muito alegre ao nos ver. Eles acenam, pedem fotografias e nos fazem refletir que isso jamais ocorreria no Brasil. Contudo, é uma torcida que também se envolve muito, cantando durante os 90 minutos e sempre presente nos treinos do centro de treinamento.

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