Header Ads Widget

Léo Jardim fez a pior cera da história, mas vascaínos têm razão em reclamar

Recent in Sports
Renato Paiva projeta jogo atrasado do Fortaleza contra o Grêmio
Futebol argentino: presença de torcida visitante após doze anos não teve incidentes
Único em todos jogos da Ponte Preta em 2025, Maguinho vira desfalque pela primeira vez
Real Madrid pede à Fifa que Copa do Mundo de Clubes aconteça a cada dois anos
Piauí aponta data para definição de técnico

Apesar das camisas em campo, havia pouco a indicar que o duelo entre Inter e Vasco tomaria rumos dramáticos. Mesmo com os jogadores titulares, ambos os times estavam focados nos compromissos de meio de semana, e o Beira-Rio estava bastante vazio, devido ao tempo hostil de Porto Alegre, com chuvas intensas antes do início da partida.

No entanto, o Campeonato Brasileiro costuma guardar surpresas escondidas sob a chuva de um final de tarde de domingo, em um canto do continente. Nos primeiros trinta minutos da partida, o Vasco impôs ao time de Roger Machado aquilo que os mais renomados cientistas poderiam definir como um implacável “arrodião”. O Inter, sem conseguir controlar a situação, sofreu com a pressão e o ritmo acelerado da equipe cruz-maltina. Quando Rayan balançou as redes pela primeira vez, o resultado parecia injusto: poderia ser o terceiro gol.

Na coletiva pós-jogo, Roger Machado comentou que a equipe não poderia entrar tão desatenta em um confronto desse calibre. Contudo, esse tem sido um padrão em seu trabalho, apesar da sequência de triunfos recentes no Brasileiro: o time parece decidir quais confrontos merece lutar. E, após um início desfavorável, escapando de um vexame, não havia outro jeito senão jogar como se não houvesse um amanhã, mesmo sabendo que o futuro próximo traria um embate eliminatório contra o Fluminense, pela Copa do Brasil.

A partir desse ponto, é verdade que o Internacional pressionou o Vasco contra sua própria defesa, como um inquilino perdido em questões contratuais, demonstrando superioridade com uma série de chutes na trave, fazendo o marcador parecer injusto, apesar do domínio vascaíno inicial. O Vasco, por sua vez, perdeu oportunidades valiosas de contra-ataque, com Vegetti em uma noite pouco inspirada, enquanto Carbonero criava diversas dificuldades para a defesa carioca. Contudo, o tempo corria como se estivesse jogando o mesmo esporte (e no mesmo time) que Roberto Dinamite, e o tempo restante para garantir a vitória vascaína, crucial para respirar na tabela, tornava-se uma contagem regressiva cada vez mais apertada.

Então, de repente, surgiu o incidente paradigmático da noite. Léo Jardim, goleiro do Vasco e um dos principais responsáveis pela vantagem momentânea, já havia recebido um cartão amarelo por atrasar o jogo e, em meio ao tumulto causado por algumas substituições, permaneceu calmamente sentado no gramado, aguardando o desenrolar da situação. O árbitro pediu que se levantasse, e ele respondeu massageando suavemente sua costela. Tomado por uma súbita indignação, uma remota noção de justiça e talvez algum senso de moralidade e bons costumes, o árbitro Flávio Rodrigues de Souza decidiu expulsar o goleiro.

Na súmula, o magistrado indicou que Léo Jardim teve oportunidade de ser atendido, mas fica a dúvida se o árbitro havia autorizado tal atendimento. É importante lembrar que estávamos nos 45 minutos finais, e esse acontecimento se mostraria crucial, já que o Inter empatou logo em seguida, com o reserva Daniel Fuzato defendendo o gol do Vasco. Durante toda a partida, evidentemente, o foco recaiu sobre essa decisão bastante atípica -- para o futebol brasileiro, mas não para o juiz em questão: o mesmo árbitro já havia expulso Gustavo, o goleiro do Criciúma, em um jogo contra o Bahia, no ano anterior.

Se o leitor ainda não está ciente, deixo claro: sou favorável a qualquer estratégia que retardar o andamento do jogo. Estou em oposição àqueles que desaprovam a cera, pois considero essa tática um recurso legítimo para o jogador que busca a vitória, um dever profissional, além de um instinto a ser preservado. A dissimulação é uma questão de sobrevivência, como demonstrou o último homem de Neandertal que se fez de morto diante de um mamute. Ademais, muitas vezes é uma maneira de tentar criar um equilíbrio em um cenário econômico cada vez mais desigual: se o Sporting Cristal se enfrentar ao Real Madrid, até eu me deitarei em frente à TV aguardando a chegada do SAMU.

Contudo, no incidente de ontem, surge um desafio em relação à ESTÉTICA da cera. Léo Jardim, aparentemente, protagonizou a mais ineficaz cera de todos os tempos, permanecendo inerte por intermináveis dois minutos ao lado da trave, como se contemplasse o absurdo da condição humana ou, no mínimo, tentasse decifrar questões mundiais sérias, como a política de tarifas de Trump para o Brasil ou o destino das pombas quando o frio se aproxima. Ele não se contorceu, nem levantou a perna para oferecer a panturrilha a um colega. Simplesmente ficou ali, descrente do poder da ação e aguardando que a regra, por muito tempo ignorada, continuasse a ser desconsiderada. Expulso, saiu a passos largos -- deixando de lado a costela, Trump, as pombas e qualquer indagação filosófica.

A decisão parece ter sido correta, mas os torcedores do Vasco têm total direito de protestar, afinal, o clube foi designado como mártir da rodada -- quase nenhum goleiro havia sido expulso por cera até aquele momento; e provavelmente poucos serão expulsos daqui em diante. Após o jogo, o treinador e psicólogo Fernando Diniz criticou a decisão, apontando que o árbitro não é médico. É verdade, mas muitas vezes o juiz precisa agir como um médium. Ou, mesmo que um pouco confuso, aparentar estar bastante irritado com tudo aquilo. E, se nada disso funcionar, admitir que é alguém que não sabe exatamente o que fazer, mas que naquele instante precisa agir de forma imediata. Às vezes, ele decide abraçar o caos, e nesse cenário corre o risco de ter sucesso.

Postar um comentário

0 Comentários