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Um duelo clássico como o Choque-Rei possui um histórico e uma magnitude que conseguem equilibrar forças aparentemente distantes como um deserto. Isso ficou evidente no primeiro tempo, quando o São Paulo, ainda buscando agradar sua torcida, demonstrou determinação e uma tática eficiente para superar o Palmeiras, abrindo 2 a 0 e dirigindo-se ao vestiário com um resultado favorável – algo completamente inesperado, dadas as circunstâncias atuais de cada equipe e suas respectivas qualidades.
Entretanto, existem acontecimentos no vestiário do Palmeiras que nem mesmo o torcedor mais supersticioso poderia prever. Todos os espectadores, sejam palmeirenses, são-paulinos, veganos, escorpianos ou ateus, tinham ciência de que a partida não estava tão decidida quanto o placar indicava. Abel Ferreira voltou para o segundo tempo realizando mudanças com Allan, Maurício e Bruno Fuchs. E o time que retornou do vestiário logo demonstrou, em campo, um novo espírito, mesclando raciocínio e emoção, refletindo melhor a essência do Palmeiras dos últimos anos.
O suposto pacto feito por Abel Ferreira, frequentemente alvo de piadas e memes, na verdade, está alicerçado em três fundamentos: estratégia, plantel e mentalidade. O restante deve fluir naturalmente, conforme diria um alquimista usando a camisa de Edu Manga em uma madrugada, dentro de uma cantina com as portas quase fechadas. Em poucos minutos, o Palmeiras já havia ameaçado o gol adversário duas vezes. A partir daí, o gol de Vitor Roque, que reduziu a desvantagem, foi apenas uma questão de tempo. Sob a pressão de uma situação desfavorável, o São Paulo mostrou-se abatido, como se estivesse definhado em campo. Até mesmo a estrutura do Morumbi pareceu encolher – acontecimentos incríveis que este Palmeiras provoca.
A virada do placar, juntamente com a liderança do campeonato, chegou através de gols de Flaco López, com um chute certeiro de fora da área, e depois Ramón Sosa, com um cabeceio que pegou o time são-paulino já em situação crítica, tanto técnica quanto fisicamente e, principalmente, psicologicamente. Os torcedores do São Paulo têm razões para protestar contra a arbitragem, devido a um pênalti e uma expulsão não concedidos, mas a vitória do Palmeiras vai além disso. Antes de tudo, é a conquista de uma equipe solidamente estruturada, com várias alternativas de qualidade nas mãos de um treinador que hoje compreende intimamente seu time e, acima de tudo, com uma cultura vencedora que nunca se compromete. Não por acaso, o Palmeiras se destaca como o time da Série A com mais vitórias conquistadas através de viradas nesta temporada.
Se tudo isso soa como uma proeza, talvez sejam exagerados aqueles que observam. Exceto a transmissão de rádio, que tem o privilégio de transformar qualquer jogada em uma mistura de Carnaval de Olinda com um Desembarque na Normandia. O fato é que este Palmeiras deu ao "épico" um tom quase rotineiro. Vitórias que, para muitas equipes, se tornariam memórias marcantes dos torcedores, para os palmeirenses tornaram-se recordações diárias e desbotadas de um domingo qualquer – seja na frente da televisão, no estádio ou no parque.
Frente a uma realidade tão cheia de promessas, é necessário conservar a memória em toda sua relevância histórica, talvez até proferindo críticas variadas – desmerecendo a tonalidade verde da camisa, relembrando partidas isoladas da década de oitenta ou até mesmo criticando o cavanhaque de Gustavo Gómez: essa é agora a função histórica do torcedor mais experiente e, talvez, neste instante, seja o principal desafio existencial do palmeirense.

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