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— Em um momento, era Kerolin e estava na Seleção. No outro, era Nicoli novamente e só podia jogar na rua com os meninos.
Os momentos longe dos gramados são associados ao nome composto da brasileira. Nicoli significa sua representação de menina, que brincava de futebol nas ruas e campos de terra em Bauru, no interior de São Paulo. Kerolin é o crescimento, a jogadora que atua pela seleção brasileira, disputa a Liga dos Campeões e brilha com o Manchester City.
A vida da atacante não foi um mar de rosas até aqui. Ela precisou lutar para continuar no esporte.
Em 2019, um mês após se transferir ao Palmeiras, a jogadora testou positivo em exame antidoping do ano anterior na disputada da Libertadores, ainda pelo Audax, indicando a substância GW1516, que aumenta os músculos de resistência e também auxilia na queima da gordura do corpo.
— Até hoje não tenho uma resposta sobre, não desejo para ninguém. Sempre tentei tirar o lado bom de tudo, do quanto aquilo poderia me deixar mais forte. Mas, no momento, nunca pensei nisso, que poderia se tornar de fato algo inspirador para as pessoas — contou Kerolin.
A jogadora recebeu uma suspensão e teve de ficar fora dos gramados durante dois anos. Kerolin estava na pré-lista para Copa do Mundo Feminina de 2019, na França, e viu a sua vida virar de cabeça para baixo.
A tentativa de diminuição da pena foi em vão.
— O Palmeiras me ajudou bastante na defesa, tentamos alguns recursos. Viajamos até a Conmebol para tentar algo. É uma situação que a gente não tem resposta. Eu sempre estive ali para esclarecer qualquer situação - explicou.
Além de ver a vida virar de cabeça para baixo por conta da punição, Kerolin precisou passar por isso ao mesmo tempo em que o mundo enfrentava uma pandemia, dificultando ainda mais a vivência.
A filha mais velha viu a família se aproximar durante esse tempo, já que a jogadora não podia contribuir no período com o seu trabalho. Kerolin contou que, naquele momento, a essência de cuidar do próximo só aumentou dentro dela, mas também teve o outro lado.
— Nos momentos difíceis, conhecemos quem está do seu lado. Só levo comigo que as coisas não acontecem por um acaso, por trás de tudo isso uma história é contada. Dá muita motivação de continuar
A jogadora voltou aos gramados após a punição com uma convocação para seleção brasileira, na disputa de dois amistosos contra a Argentina, em setembro de 2021.
— Embora o doping seja algo negativo, uma coisa que vai ficar para sempre na minha história, de certa forma, acho que é uma volta por cima. Continuei sendo quem eu sou, continuei trabalhando e não precisei falar nada — disse.
No começo, a jogadora voltou para o society para tentar controlar os sentimentos e a saudade. Para o retorno, Kerolin teve o apoio de psicólogos para lidar com a ansiedade e entender melhor o momento que tinha vivido longe do que mais amava.
Uma carreira de destaque foi criada fora do Brasil, mostrando novamente o futebol que começou no Guarani e Ponte Preta. A atacante virou inspiração dentro da modalidade, principalmente para meninas mais novas, que estão começando.
— Sei o quanto essa nova geração olha para nós como inspiração, isso me dá muita motivação de continuar. Para mim é surreal o quanto as novas meninas conhecem. Às vezes, estou andando no condomínio e a menina fala para o pai: "É a Kerolin".
Como foi a história de Kerolin?
Nascida em Bauru, a jogadora mudou muito cedo para Campinas, onde começou a jogar bola na rua e nos campos de terra com os meninos.
Com apenas 12 anos, Nicoli descobriu uma Osteomielite (infecção nos ossos) em sua perna direita. A jogadora saiu de um "nunca mais vai jogar" e uma possibilidade de amputar a perna, para começar a atuar em Valinhos, cidade vizinha a Campinas.
Nicoli virou Kerolin no mundo do futebol. Ela brilhou com a camisa do Guarani em 2016, depois com a da Ponte Preta em 17. Foi convidada pelo Corinthians/Audax para disputar a Libertadores Feminina e levantou a taça com apenas 17 anos.
As boas atuações chamaram a atenção de clubes brasileiros e estrangeiros, fazendo com que a atleta fosse para o Palmeiras em 2019.
Em 2021, quando ficou liberada a atuar depois de sua punição, Kerolin foi convocada diretamente para seleção brasileira, na disputa de dois amistosos contra a Argentina. A jogadora descobriu que estava sendo olhada por Marta, que teria conversado com Pia Sundhage para sua convocação.
Kerolin seguiu para o Madrid CFF, retomando sua carreira no futebol internacional. A jogadora brilhou nos gramados e chamou atenção, até de clubes brasileiros, como o Corinthians.
— Tinha muita insegurança com olhares de discriminação e julgamento se voltasse a jogar no Brasil. Pensei que sair seria recomeçar do zero, sem julgamento. Foi assim que eu me senti confortável em poder voltar — revelou.
Após esse tempo, a atacante passou para liga dos Estados Unidos, pelo North Carolina Courage, em 2022. No ano seguinte, Kerolin sofreu uma ruptura no ligamento cruzado anterior (LCA) do joelho direito e precisou ficar novamente mais de oito meses fora dos gramados.
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