Aos 34 anos, Bruno Azevedo espera que neste próximo sábado dê um passo definitivo na carreira rumo a um cinturão mundial. O brasileiro disputará o título vago do peso-galo (até 61,2kg) contra o polonês Sebastian Przybysz no KSW 102, em Random, na Polônia. Em entrevista exclusiva ao Combate, o lutador candango que hoje mora na Tailândia pontuou a idade já avançada, mas ressaltou que ainda permanece na ativa em busca do seu sonho. O Combate transmite o evento no sábado (25) a partir de 14h (de Brasília).
- Para mim (esse cinturão) representa todo o meu trabalho da minha vida. Agora a gente tem a oportunidade de consagrar nosso nome num evento, de ser campeão mundial num grande evento. Isso representa muito para mim, representa toda a minha luta, toda a minha carreira, todo o meu sonho. Não sou um garoto, muitos atletas já se aposentaram na minha idade, mas continuo firme porque não cheguei aonde quero chegar. Vou continuar até onde quero chegar, que é ser campeão mundial, para poder dar uma vida boa a minha família, a minha filha lá no Brasil. Claro, tenho meu sonho de ser campeão, de ser o melhor do mundo, mas com o tempo nossos objetivos mudam. Hoje tenho a minha filha e sei que esse cinturão vai representar uma melhor qualidade de vida para a minha família. A minha mãe a minha vida inteira deixou de comprar coisas para ela para poder me ajudar, e agora se Deus quiser vou poder recompensá-la por tudo que fez por mim.
Morador da ilha de Pukhet, na Tailândia, Bruno teve a companhia dos treinadores Emerson Falcão, Léo Elias e Marlon Sandro. O lutador brasileiro faz parte da equipe Pukhet Fight Club. Ao fim do camp no país asiático, ele e sua equipe foram para Berlim, na Alemanha, se adaptar ao inverno europeu e fuso.
- Já tinha morado na Alemanha e meu manager é daqui também, então sempre venho antes para me acostumar com o clima e com o fuso horário, porque são cinco horas de diferença. Os três primeiros dias fico com sono e cansado (...). O horário que vou lutar aqui é 2h30, quase 3h da manhã na Tailândia. É um horário que meu corpo entende que tenho que dormir, meu corpo está cansado, então essa vinda antes é toda uma preparação para a gente poder se acostumar.
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- Tanto que nas minhas primeiras entrevistas não tinha a pretensão de já lutar pelo título. As pessoas vinham e falavam "e aí?", mas não tinha pretensão, acabei de chegar, queria entender onde estava pisando. Mas eles me deram o número 3 do ranking, foi um cara duro, estava vindo de vitória sobre um amigo nosso, o brasileiro Galinho. Mas enfim, a gente chegou lá e mostrou porque que a gente veio, fizemos uma boa luta e mostramos que estamos em outro nível (...). Agora estou nesse pensamento de desafiar, quero ser o campeão. Eles me perguntam quais os meus planos e quero ser um campeão dominante. É uma oportunidade de fazer agora uma grana.
O brasileiro, dono de um cartel com 21 vitórias e quatro derrotas, já fez duas lutas de até cinco rounds – como será no próximo duelo, já que vale o cinturão. Bruno Azevedo descreve em detalhes o desgaste do processo na preparação, além da possibilidade de lutar por quase 30 minutos.
- As minhas duas lutas de cinco rounds foram até o final. O que posso dizer da minha experiencia é que depois do quarto round você está lutando contra você. Você tem que estar ali sabendo controlar sua energia, seu gás, porque é uma luta longa. São 29 minutos de luta, cinco rounds de 5 minutos com 4 minutos de intervalo. É uma luta longa, você não pode se emocionar, não pode dar 100% em todos os golpes, tem que ir cutucando e no momento certo você machuca o cara. Cinco rounds são realmente desgastantes (...). O treinamento também é desgastante para cinco rounds, e o psicológico também porque sua mente e seu corpo têm que estar preparados para quando começar a luta você se esquecer a hora que vai terminar. Você só vai.
Bruno destacou que, ainda que oriundo do jiu-jitsu, tem aproveitado a temporada na Tailândia para evoluir na luta em pé. Mas admite que a finalizar o adversário é uma possibilidade natural para vencer.
- Nos últimos dois anos venho treinando muito muay thai na Tailândia, aperfeiçoando a minha parte em pé. Estou mais confiante, mas claro, pelo meu número de finalizações todo mundo espera que...mandaram um vídeo dele (Sebastian Przybysz) treinando bastante defesa de queda. Mas acho que ele tem que se preocupar com muito mais coisas. Acho que sou um cara versátil, independentemente de onde a luta estiver eu me sinto confortável.
Sebastian Przybysz fará sua 14ª luta no KSW, onde soma nove vitórias, três derrotas e um empate. O polonês de 31 anos é ex-campeão da categoria, tendo conquistado o título em março de 2021, ao vencer Antun Racic. Depois, venceu dois brasileiros em duas defesas de título. Primeiro, finalizou Bruno Gafanhoto. Em seguida, finalizou Werlleson Galinho. Przybysz perdeu o cinturão em dezembro de 2022, numa decisão dividida com Jakub Wiklacz. Depois, ao vencer dois rivais, ganhou revanche com Wiklacz e empatou, ficando sem o cinturão. Por fim, fez uma trilogia com Jakub Wiklacz e foi finalizado em junho de 2024.
- Acho que (o mais perigoso no polonês) é o coração. É um cara que nunca foi nocauteado, tem derrotas por finalização e por pontos. Mas é um cara que é muito guerreiro, um cara alto e muito explosivo também. Ele é destro, mas as últimas lutas vem lutando só de canhoto. É um cara bem versátil na parte em pé. Ele é faixa-preta de jiu-jitsu, mas acho que não tem o mesmo nível dos faixa-preta do Brasil. Vai ser uma luta dura, mas estou confiante que a gente está em outro nível.
KSW 102
25 de janeiro de 2025, às 14h (de Brasília), em Random (Polônia)
CARD DO EVENTO:
Peso-galo: Sebastian Przybysz x Bruno Azevedo
Peso-pena: Patryk Kaczmarczyk x Ahmed Vila
Peso-médio: Radoslaw Paczuski x Kléber Orgulho
Peso-pena: Adam Soldaev x Danu Tarchila
Peso-meio-médio: Muslim Tulshaev x Daniel Skibinski
Peso-mosca: Wiktoria Czyzewska x Adrianna Kreft
Peso-casado (até 87kg): Cezariusz Kesik x Andi Vrtacic
Peso-pena: Piotr Kacprzak x Júlio Cesar Neves
Peso-pesado: Kamil Gawryjolek x Miha Frlic
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